A PROFISSÃO “ADESTRADOR”

Tendo em conta que agrada ao adestrador o contato com o cão
e sendo este o objeto essencial do adestramento, deve ter capacidade de lhe
transmitir as suas sensações, conduzi-lo no dia- a- dia, cuidar de sua higiene,
em alguns casos também do transporte e, principalmente, controlar-lhe os
comportamentos não desejados.
O ambiente das sessões de treino poderá ser, em muitos
casos, adverso por ter que se trabalhar
muitas vezes sob rigorosos dias de intempérie. O frio, a chuva, o calor e a
sede são os “companheiros” sempre presentes nas sessões de trabalho. Como
adestradora sei que é essencial gostar muito do se faz para poder aguentar o
ritmo de trabalho que, em alguns casos é altamente esgotante, mas também
bastante gratificante.
Um fator fundamental a analisar é o de que o adestrador deve ser
visto como “o amigo do cão”. De um trato adequado, com respeito e lisura pelos proprietários,
clientes e colegas depende, em grande parte, o futuro de um adestrador, sendo
esta outra área importante da sua própria imagem pessoal. A seriedade,
educação, honestidade e pontualidade, não sendo qualidades inatas, são de
grande importância serem adquiridas e
elaboradas pelo profissional, se quer que sua atividade tenha êxito.
As
exigências físicas
A condição física pessoal, inerente ao trabalho com cães
será a ideal quando não interfiram no desenvolvimento das variadas tarefas que
se apresentam, ou pelo menos, permita enfrentar, apesar das limitações físicas,
os objetivos traçados. Apesar disso, a coordenação mental, capacidade motora e
o sentido espacial reduzirão a possibilidade de estragar um trabalho devido a
falhas físicas.
Outro fator a ter em conta é o risco de sofrer arranhões,
mordidas ou acidentes. O adestrador deve tomar as devidas precações que
recomendam o senso comum. É inevitável a
sensação de nos sentirmos “presas” quando enfrentamos pela primeira vez a boca
e os respectivos dentes de um cão. A preparação física e o conhecimento do
animal ajudam a reagir de forma adequada a cada situação.
As
exigências mentais
Os adestradores com alguma experiência conhecem a importância
da paciência nesta atividade. Ela pode levar a uma evolução totalmente
desejável no trabalho com o animal, enquanto a pressa irracional só acabará em
maus desempenhos, perda da relação com o cão e não alcance dos objetivos
traçados.
A paciência e a tenacidade são duas das virtudes mais
valorizadas nesta atividade. Não será um bom adestrador quem não for paciente
nem quem desista ao primeiro revés. Também não o será se não for inteligente,
bom observador, persistente e que não saiba raciocinar fria e logicamente. Não
deverá igualmente desistir à primeira mordida de algum aluno mais impulsivo. A
capacidade de observação permitirá ao adestrador apreciar adequadamente os
fatores que rodeiam a evolução do trabalho cotidiano.
Uma boa dose de resistência psíquica colocará a salvo as
frustrações cotidianas com que se depara o adestramento. Deve-se enfrentar os
problemas de maneira mais racional possível dando, a cada um deles, a resposta
mais adequada.
Por último deve-se insistir em manter a liderança absoluta
na estrutura hierárquica na relação adestrador-cão.
Ética
profissional
A partir do momento que uma pessoa é qualificada como Adestrador e começa a cobrar
pelos seus serviços, estará atuando como um Profissional. Como em todas as
profissões, nesta também deve existir uma ética profissional. Por não estar
regulamentada, esta profissão presta-se a todo tipo de oportunistas, moralmente
mal formados e charlatães.
Em todas as profissões encontramos pessoas mais ou menos
qualificadas e que se intitulam de “profissionais”. A diferença entre o bom
profissional e o charlatão está na qualidade dos seus trabalhos, finalizados
com êxito, dentro do respeito e ética. Por ser uma profissão relativamente
nova, faz com que a fiscalização do trabalho, por parte do cliente, seja quase
nula. A transparência no processo de adestramento, de modo a evitar abusos e
enganos, está sujeita à moralidade do profissional.
Se o adestrador possui um conceito claro do que é a moral,
só aceitará um trabalho que seja capaz de realizar e que esteja dentro do que
aprendeu na sua formação. Rejeitará as tarefas para as quais não se sinta
capacitado e não terá problemas em mostrar limitações. Outro pecado capital é a
crítica maldosa a ouro colega de profissão. Quando se procede dessa forma,
todos perdem.
Finalmente, o que o cliente espera de um profissional é que
o seu cão se converta num amigo obediente, amável e educado. Num guardião e
defensor de sua família, companheiro de vigilância e patrulha, participante de
salvamentos, os olhos de um cego, consolo e ajuda na velhice, etc.
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